Se tudo o que se sente e vive fosse susceptível de explicação (através de palavras), eu não seria eu.
Eu sou aquilo que todos conhecem, mas também sou aquilo que não dou a conhecer...

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Crenças de criança (bem-me-quer ou mal-me-quer)

Quando consigo parar de rodopiar na minha própria vida (a minha repetida, monótona e ociosa vida), surgem pensamentos bonitos.
Hoje, ao caminhar na rua que me viu crescer, vi bem-me-queres (ou malmequeres). Provavelmente, já lá estariam há duas ou três semanas (ou mais)... Mas, se fosse esse o caso, é sinal de que olhei em vez de ver - o que me tira a possibilidade de ter consciência de muitas coisas que me rodeiam.
Primeiro, reafirmei que, de facto, chegou a Primavera. Mas, em seguida, surge uma lembrança.
Tal como eu, muitas outras crianças tinham o hábito de colher bem-me-queres e confirmar o amor (ou falta dele) daquela pessoa especial.... :)

E lá vinha a brincadeira habitual:
- Bem-me-quer, mal-me-quer, bem-me-quer, mal-me-quer,...
Uma a uma, as pétalas eram retiradas da flor, enquanto repetia, alternadamente, as duas palavras que ditariam a sorte ou o azar do meu coraçãozinho.
E, finalmente, a última pétala revelava o final do jogo.

Resultado:
- Se a última pétala fosse "bem-me-quer", ia contente para a escola ou para casa, consoante a hora do dia;
- Se a última pétala fosse "mal-me-quer", limpava esse resultado da minha cabeça e tentava com outra flor... :) Afinal, ninguém ia saber daquilo... E assim poderia ficar contente e continuar a ter esperança naquele amor de criança.
.

Hoje, sorrio ao recordar a ingenuidade que me caracterizava. Era um tempo bonito, mais natural.
Hoje, sei que as flores não ditam o meu destino. Sei que a vida é um mistério muito mais complexo e imprevisível.
Hoje, eu sei que bem-me-queres, S. :) Sei que seguimos o mesmo caminho e lutamos em vista dos mesmos objectivos.
Mas não resisti. Peguei numa flor linda e singela que encontrei. E, enfim, pude recordar como era boa aquela esperançazinha de criança, ao roubar, com as minhas pequeninas mãos, as pétalas da flor, esperando o desejado desfecho "bem-me-quer".
E, sim, o resultado foi "bem-me-quer". Se fosse "mal-me-quer", sinceramente, não fazia diferença... Não preciso de uma flor que mo confirme.

Mas foi tão boa a sensação...



Como é bom ser-se criança.
Música que associei ao texto:
Sanctus (Aesma Daeva)

4 comentários:

  1. Tão perfeitinho. Fez-me lembrar de quando era garoto e andava nos baloiços com o mesmo ar ingénuo, perguntando ou pedindo para me empurrarem mais. *.*

    Beijinho na testa. *

    ResponderEliminar
  2. :)

    Pedro, ser criança é uma sensação que nunca recuperaremos... Mas era bom, não era? :)

    Não tinhamos metade das preocupações que temos agora.
    É fantástico quando consigo sentir-me como quando era criança, ainda que por breves momentos.

    :)

    ResponderEliminar
  3. Tens razão. :') (saudades)

    Não sou nada. Sou normal. Escrevo tão bem como tu. Ora. :)

    ResponderEliminar
  4. Ola meu amorXinho :)
    Pois é... Como é bom ser criança: ser inocente, ingénuo, viver simplesmente vivendo, sem pensar numas quantas coisas...

    Se essa tua pequena experiência, te levou a outros tempos, vive-a mais vezes, vezes sem conta, porque afinal, Recordar é viver =)

    Eu própria passo por essas lembraças/situações tantas vezes... NUNCA quero deixar de ser criança, a serio, sério!! :')


    (PS.: Vocês são o mal-me-quer/ bem-me-quer perfeitos: Completam-se... Percebes? :) )

    bjinhos pa Tu

    ResponderEliminar